Formando discípulos | 17

A marca do discípulo

Texto base: Lucas 22:61, 62

Discípulo é aquele que segue o seu mestre. Nesse sentido, podemos dizer que Judas foi um discípulo de Jesus tanto quanto os outros 11 apóstolos. Mas Judas não conseguiu aplicar em sua vida os ensinamentos do mestre. Sabemos como essa história termina.

Sempre que falamos de um “mal exemplo” de discípulo nos lembramos de Judas. Mas não foi apenas Judas quem pecou contra Jesus. Vemos a incredulidade de Tomé (Mateus 20:24, 25).

Vemos a indiferença de Felipe e dos outros discípulos (Marcos 6:34-36; João 6:7). Vemos Tiago e João desejando honra e prestígio de Cristo (Marcos 10:35-37). Embora a bíblia fale pouco sobre Simão (não o Pedro), ele era do partido do Zelotes, um rebelde, violento e revolucionário (Lucas 6:14-16). Vemos a incredulidade de todos os discípulos (Marcos 16:11, 14). Está mais que provado que Judas não era o único imperfeito, o único que pecou. Ele ficou mais notado por causa da decisão final de dar fim á sua vida ao invés de se arrepender e se permitir ser restaurado por Jesus.

Então, faremos uma comparação entre Pedro e Judas para compreendermos qual a maior diferença entre eles:

1) Ambos foram escolhidos por Jesus (Lucas 6:14-16)

Jesus passou a noite orando, buscando o Pai e compreendendo Sua vontade, e então, no dia seguinte escolheu seus discípulos (Lucas 6:12, 13). Já vimos em células anteriores que ser discípulo implica ser escolhido por Jesus (Lucas 9:57-62). Você está aqui hoje porque você é um(a) escolhido(a) de Cristo. Não menospreze o chamado de Cristo para o discipulado, se Ele te chamou, responda hoje: “Sim, eu quero ser seu discípulo!”

2) Ambos acompanharam Jesus durante seu ministério (Mateus 8:14; João 12:3-6)

Esses textos nos mostram que Jesus participava da vida de Pedro e de Judas, e que eles estavam presentes em lugares íntimos de Jesus, como a casa do seu amigo Lázaro. Eles viviam com Jesus, participaram dos milagres dos pães, da água transformada em vinho, e de outras tantas curas, libertações e milagres operados por Jesus, sempre com a presença desses discípulos. Caminhar com Jesus só gera transformação em nós se decidirmos não viver apenas de experiências, mas permitir que Sua Palavra nos molde.

3) Ambos pecaram contra Jesus

Sempre atacamos o pecado de Judas como mais grave. Mas para Deus não há distinção de pecado. Mentir e assassinar, invejar e estuprar, descrer ou roubar são ofensas a santidade de Cristo. Pedro pecou a mentir e negar que conhecia Jesus. Judas pecou ao trair Jesus. Diante de Cristo eram igualmente pecadores. Judas não era pior que Pedro.

4) Ambos foram exortados por Jesus (Mateus 26:23-25; João 13:36-38)

Jesus conhece os nossos pensamentos, nossos anseios, nossas emoções, nosso coração (Salmos 139:4; Marcos 2:6-8).

A percepção espiritual de Jesus é aguçada e Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. Ele conhece cada pensamento que está agora na sua mente. Mas nem por isso Ele nos despreza. A exortação do Mestre é para nos corrigir. Não é para nos envergonhar, muito menos para nos afastar. Ele nos corrige e nos exorta como fez com Pedro e Judas para que a Sua Palavra nos quebrante e gere arrependimento. Cabe a nós decisão que tomaremos após sua correção.

5) Ambos agiram após sentir fortes emoções (Mateus 27:3-5; Lucas 22:61, 62)

Judas jogou as moedas no templo e saiu para enforcar-se. Pedro se lembrou das Palavras de Jesus e chorou amargamente. Ambos reconheceram que tinham pecado contra Jesus, mas Judas sentiu remorso, enquanto Pedro sentiu profundo arrependimento. Se você pecou, não importa a gravidade do seu pecado, temos um advogado junto ao Pai (1ª João 2:1, 2). Só precisamos reconhecer, se arrepender e confessar. Ele é um Deus bondoso, amoroso e perdoador.

Conclusão

Tanto Pedro quanto Judas tiveram uma vida parecida em seu relacionamento com Cristo. A diferença foi na decisão final. Após pecarem e serem exortados por Jesus, Judas sentiu remorso, brigou com os líderes religiosos e decidiu dar fim a sua vida. Pedro continuou próximo de Jesus mesmo depois de ser exortado. Pedro estava tão próximo ao ponto de poder olhar nos olhos de Jesus e ser penetrado pelo olhar do Salvador ao ponto de gerar nele arrependimento. O olhar de Cristo para Pedro não foi um olhar condenador, como se dissesse: “Eu não disse que você ia me trair?”. O olhar de Jesus foi da mesma forma que ele olhava para outros que pecaram, um olhar de compaixão e amor. É como se Jesus dissesse: “Apesar do que você fez Pedro, eu continuo te amando!”

A marca do discípulo não é perfeição.

A marca do discípulo é arrependimento.

Deus não espera de nós filhos perfeitos, mas ele deseja que sejamos santos (1ª Pedro 1:15, 16). Santidade é buscar a perfeição sabendo que vamos errar, mas continuar buscando fazer a vontade de Deus em tudo até a volta de Jesus.

Jesus não deseja que você reconheça seu erro, se ache imerecedor de sua graça e se afaste dele. Ele deseja que você esteja tão próximo que consiga enxergar como Ele é santo e a santidade te constranja ao ponto de se arrepender, pedir perdão e se reconciliar. Seja um discípulo arrependido. Mesmo que erre, se coloque diante de Deus em oração e se levante para viver em novidade de vida.

Autor: Pr Jessé Junior